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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A fotografia de Afonso Chaves: o despertar de uma bela adormecida


Até Agosto de 2017, uma trilogia de exposições revela a obra de um fotógrafo açoriano até agora desconhecido. O primeiro passo é agora dado no Museu do Chiado, com as facetas mais vanguardistas das imagens estereoscópicas de Afonso Chaves. Mergulho imersivo na obra de um fotógrafo renitente.




Ilhéu de Vila Franca do Campo, São Miguel, Açores, 1905

Ascensão de balões em Paris, França - 1.ª Edição do Campeonato Gordon-Bennett, 30 de Abril de 1906



O primeiro paradoxo na incrível história da obra fotográfica de Francisco Afonso Chaves (1857-1926) é este: a ciência, principal motor de uma produção frenética, foi também responsável por votá-la à escuridão, arrumando-a como mero exercício instrumental, desprovido de valor estético ou cunho autoral. Como se de uma bruxa má se tratasse, a ciência está para a fotografia deste açoriano de múltiplos saberes como o bico pontiagudo do fuso está para a Bela Adormecida, quando nele picou o dedo, condenando-a a um sono (quase) perpétuo.
Outras razões explicarão um tão prolongado adormecimento (90 anos), mas o facto de a maior parte do espólio ter sido colocada num departamento de história natural que demorou mais de 50 anos a reconhecer outras virtudes (para além das científicas) aos cerca de sete mil negativos e positivos à sua guarda terá ajudado a que nenhuma história da fotografia portuguesa ou mundial aponte hoje o nome do eminente naturalista como um autor relevante e pioneiro na maneira criativa como trabalhou um suporte fotográfico (a fotografia estereoscópica) mais voltado para o comércio de vistas de monumentos e paisagens exóticas.






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